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CPBSB2: a Campus pelos olhos de uma campuseira

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Eu tenho um carinho muito grande pela Campus Party e é fácil explicar o porquê. Não sei dizer quando foi que começou minha paixão pela tecnologia, só sei que sempre olhei para a Campus com uma invejinha de quem estava lá. Queria ter um motivo para estar lá também. O evento era em São Paulo, o que eu, uma estudante de direito, iria fazer lá? E pior, quem iria me acompanhar até lá? Os anos passavam, as campus ia acontecendo e minha vida foi caminhando com a tecnologia sempre me encantando cada dia mais.

Até que um dia me apareceu a oportunidade de fazer uma segunda graduação. Ainda pesando os prós e os contras dessa decisão, a Campus Party veio para Brasília. Fiquei empolgada e um pouco chateada que por conta do trabalho eu não ia conseguir participar como gostaria. Estive lá apenas por um dia, e foi o suficiente para ter certeza de que era ali que eu tinha que estar, de que aquele que era o meu mundo. No dia seguinte enviei os documentos para faculdade e na semana seguinte já estava matriculada naquele que seria o semestre que ia mudar a perspectiva da minha vida.

Fiquei nervosa antes de começarem as aulas, afinal tinha anos que eu só estudava sobre leis, súmulas e coisas do tipo. Para encurtar a história, tudo deu certo. Deu tão certo que em janeiro eu estava em um avião rumo à Campus Party de São Paulo com as amigas que eu fiz na faculdade.

Campus Party Brasil 2018

 

Estar lá com elas representou uma mudança tão grande na minha vida, que eu nem consigo explicar. Foi como se de repente eu tivesse encontrado tudo o que estava faltado, o que antes eu nem sabia o que era. Fiquei emocionada, foi como uma pequena conquista particular. Aprendi muito nos dias que eu estive lá. Nem consigo contar quantas palestras eu assisti, participei de workshops, conheci muita gente e fiquei com o coração cheio de certezas. Foi incrível. Mas sabe quando ainda faltava alguma coisa? Faltava a minha barraca. Faltava eu dormir e acordar lá. Em São Paulo fiquei no hotel do lado, mas ainda não era lá dentro. Então, ainda faltava essa experiência. Não tinha problema, eu sabia que a Campus ia voltar para Brasília e aqui eu ia viver isso.

Acredito que como todos os outros campuseiros, tive aquela decepção com o adiamento do evento. Era ainda mais um mês de espera. Com a nova data de início no mesmo dia do jogo do Brasil na Copa do Mundo, adiei também a minha chegada e não consegui ver a abertura. No dia seguinte, antes das 9 da manhã eu estava retirando a minha credencial sem filas.

A ideia de colocar a campus no estádio foi boa, mas muito cansativa. Com a disposição dos palcos em forma linear, se você estive no palco em uma ponta, só restava atravessar todo a estrutura para chegar ao outro lado. Esse detalhe me cansou um pouco antes da hora (tenho 31 né) e me fez bater o recorde de passos no Apple Watch. Ganhei até uma medalha. Alías, como era longe a minha barraca. Acabei esquecendo de marcar quantos passos eu dava para chegar, a distância até ela me fez andar os 3 dias com a mochila pesada, evitando ter que voltar para pegar algo que esqueci. O caminho que eu fazia até a minha barraca me mostrou realmente o tamanho que estava a Campus Party de Brasília. O camping ficava em um espaço fechado e pelas minhas “contas” as barracas tomavam 2/3 da circunferência do estádio. Era muita coisa!

Andei mais de 12km só no primeiro dia!

Com relação à estrutura montada, minha única reclamação foi o número insuficiente de bancadas para os campuseiros. Qualquer espaço era muito disputado e me fez ficar sem ter lugar sequer para carregar os meus devices. Esse detalhe me chateou bastante, era necessário recorrer para o espaço dos workshops, enquanto estavam vazios, para poder ligar o computador.

Uma das coisas que eu mais adoro na Campus Party é a disposição que todo mundo tem para te ensinar algo. Todo mundo está disposto a te ajudar, não ligam se você sabe muito ou não sabe nada, o momento ali é para aprender. Gostei bastante dos temas abordados. Até dá uma certa aflição em conferir a programação e ver mais de uma palestra que te interessa, acontecer ao mesmo tempo. Eu que sou indecisa, sempre sofria para saber para qual palco eu iria. Essa é uma dúvida boa de ter rs.

Marquei no app quatro palestras no mesmo horário. Difícil decidir.

Por estar em Brasília, assisti várias palestras relacionadas ao serviço público. Foi muito bom ver como a tecnologia está sendo usada para melhor o trabalho nos órgãos públicos. Ver o interesse das pessoas que estão por trás dessas mudanças foi um ótimo momento e me fez pensar no tanto que ainda pode ser feito mesmo no serviço público. Aliás, é isso que a campus faz comigo, muda as minhas percepções, amplia meus horizontes e me faz ficar pensativa e entusiasmada com o que pode vir por aí.

Workshop Git Fundamentals (olha eu aí com meu moleton azul rs)

Em conjunto com as palestras, eu também participei de workshops e aprendi muito. Ainda que sejam momentos de aprendizado, é uma ótima oportunidade para conhecer pessoas e fortalecer o networking. É muito proveitoso estar em contato direto com quem já está fazendo a diferença. Essas pessoas nos inspiram e mostram caminhos. Se você vai em uma campus, não deixe participar de workshop e de conhecer as comunidades. Esse é um grande diferencial do evento, são varias comunidades, com diferentes focos, todas dispostas a nos receber.

Comunidade PyLadies

 

Camping – CBPSB2

Quando eu contava para alguém que ia acampar na Campus de Brasília, eu ouvia mesma pergunta “mas porque acampar se você mora aqui?”, depois de falar um “porque eu quero”, eu completava com o “e porque eu posso ir para casa tomar banho”. Esse era o momento que me fazia hesitar um pouco em acampar. Se eu fosse mais nova, acho que não ia me importar muito. Mas a medida que os anos vão passando, é inevitável ficar mais criterioso quando o assunto é conforto. Como eu nunca fui uma pessoa que curte acampamentos e coisas parecidas, tomar banho em um banheiro coletivo me assustava um pouco. Então, tomar banho não estava nos meus planos. Por enquanto.

Minha casa por 3 dias

Logo no primeiro dia, quando eu vi o horário de várias coisas boas, fiquei feliz de estar acampada. Se tivesse que ir para casa, não teria como fazer um whorkshop e começava 22hr e terminava meia noite, então, aproveitei a oportunidade. Assim que ele terminou, eu estava tão cansada que decidi que era a hora de dormir. A arena estava tão cheia, que pelo visto, ninguém compartilhava do mesmo cansaço.

As dificuldades que eu tive na primeira noite foram todas causadas pela minha falta de experiência em dormir em barracas. Levei um colchão inflável muito grande, que além de me dar muito trabalho para enchê-lo, me fez ficar sem espaço lá dentro para as minhas outras coisas. Tive que dormir com a mala do lado de fora e que não me deu nenhum problema. A área do camping conta com vários seguranças ao longo de todos os corredores. Foi um pouco esquisito passear de pijama, com a credencial, entre desconhecidos enquanto ia ao banheiro escovar os dentes.

Tentando encontrar espaço dentro da barraca

Fui bem equipada para combater o frio, deve ser por isso que não sofri tanto com ele. No primeiro dia senti frio na madrugada, já no segundo aia eu me enrolei melhor no cobertor e deu tudo certo. Apesar de o espaço ser bem fechado, alguns portões davam direto para a rua e passava um vento bem gelado por baixo deles.

Espaço entre o portão que me fez passar frio na madrugada

Pegar no sono foi fácil, o difícil foi me manter dormindo. Eu tenho o sono leve e acordava o tempo inteiro com alguém conversando alto perto da minha barraca. A primeira noite foi bem difícil, eu acordei tantas vezes que tive a impressão de não ter dormido hora nenhuma. Fiquei com inveja da pessoa que roncava perto de mim, ela conseguiu dormir bem melhor que eu.

Não me deixaram dormir

No segundo dia dormi melhor, mas acordei de novo com uma conversa bem em cima de mim, fiz aquele clássico “ssshhhhhhiiiii” e o tom das vozes diminuíram, assim eu consegui dormir novamente. Me arrependi de não ter feito isso na noite anterior. Nesse dia o que me atrapalhou foram os inúmeros despertadores tocando o tempo inteiro e as pessoas não desligavam nunca. Meu sonho era ter esse sono de pedra.

Já no primeiro dia eu percebi que não tinha espaço na programação que me permitisse ir para casa tomar banho, então, decidi que ia ser por lá mesmo. Posso dizer que não tive um bom momento, e mais uma vez isso aconteceu pela minha falta de experiência. Levei coisas demais para o banheiro e não tinha onde colocar tudo. Como o chuveiro era muito longe da minha barraca, voltar para deixar as coisas estava fora de questão. Passei mais tempo pensando em como ia fazer com toda aquela tralha do que efetivamente tomando banho. Fica aqui a dica, caso você seja tão inexperiente como eu: vá tomar banho com uma roupa bem leve e coloque tudo em um saquinho plástico.

Meu almoço e janta de todos os dias

Já antes do evento começar, a primeira “dificuldade” que eu esbarrei foi em ter que ficar sozinha. Com a mudança das datas, minha amiga não conseguiu liberação no trabalho e eu teria que passar a maior parte do tempo sozinha, inclusive para acampar.

Amigos na Campus ❤

Todo o receio que eu tinha foi embora assim que eu pisei lá dentro. Foi como se eu tivesse em casa, sabe? Me situei rapidamente e já sabia onde eu tinha que ir. E é como todo sem dizem, a chance de conhecer pessoas quando está sozinho é muito maior. E foi isso que eu fiz. Conversei com muitas pessoas aleatória. É muito bom estar em contato com tanta gente que tem os mesmos gostos que você. Um botton na minha mochila já rendia uma conversa interessante.

Eu cheguei na Campus na quinta-feira de manhã e só fui embora sábado à noite. Não coloquei o pé para fora hora nenhuma. Durante esses três dias eu fiquei totalmente imersa na Campus Party.  Voltei para a casa cansada e muito satisfeita. Pensando em tudo o que eu vi, e em todos os caminhos que eu posso percorrer. Finalmente tive essa experiência que eu tanto desejei.

A barraca e nossa e a gente pode levar ela embora. É claro que eu levei a minha!

Me sentir tão bem lá dentro durante todos esses dias, não teve preço. Ter amigos que estavam na Campus, me marcou muito. Fiquei pensando que ano passado eu não tinha companhia. E se eu não tivesse ido lá, na Campus Party Brasília em 2017, talvez as coisas ainda estariam no mesmo jeito e esse universo ainda seria só um desejo distante de mim.

Obrigada Campus Party, vocês mudaram a minha vida.

Foto de capa: Perfil Oficial Campus Party Facebook  – https://goo.gl/9y7RJ4

Tem 29 anos, é de Brasília e já se divertiu muito por aqui. Com o passar da idade sentiu que ficou cada dia mais difícil saber quais são os locais que valem a pena sair de casa. Por isso decidiu colaborar com quem também está em busca de boas opções para se divertir, comer ou descansar em Brasília.

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